quinta-feira, 9 de julho de 2009

A musa Nara


Talvez o experiente cantor Patrício Teixeira nunca tenha imaginado que, ao ser contratado para dar aulas de violão à filha caçula do casal capixaba Jairo e Altina Leão, estaria iniciando a formação musical de uma das mais virtuosas cantoras do Brasil. Difícil deduzir que a tímida Nara Loffego Leão, então com 12 anos, estava destinada a registrar seu nome na história da MPB como a intérprete que abriu caminhos para Chico Buarque, Martinho da Vila, Edu Lobo, Paulinho da Viola e Fagner, entre outros, e, é claro, como a eterna musa da Bossa Nova.

O título que a acompanhou por toda vida foi adquirido nos tempos em que o apartamento dos seus pais na Av. Atlântica era o ponto de encontro dos meninos que criavam "sambas modernos". Nara entregou-se de corpo, alma - e joelhos! - a iniciante Bossa Nova, mas surpreendeu ao interpretar sambistas esquecidos no seu disco de estréia. No segundo trabalho, apostou tudo nas canções de protesto. A partir daí, popularizou-se como a mulher corajosa, diva do Show Opinião e ícone da juventude brasileira engajada contra a ditadura nos anos 60. E, não satisfeita, ainda teve tempo de participar do divino Tropicalismo de Caetano e Gil!

Resgatou compositores como Zé Keti, João do Vale e outros.

Após passar três anos em Paris, refugiou-se dos holofotes. Cuidou de sua vida particular, estudou Psicologia na PUC, e só voltou pra valer à carreira quando se viu doente e sem possibilidades de estudar.

Nos últimos anos, levou ao mundo a Bossa Nova em sua voz doce e emocionada. Quando morreu, na manhã de 7 de junho de 1989, deixou pronto um disco de versões dos clássicos americanos que embalaram sua adolescência nos musicais exibidos pelo Cinema Metro Copacabana. A capricorniana nascida em 19 de janeiro de 1942 em Vitória, ES, nos deixou aos 47 anos com marca registrada de seu signo: o retorno à juventude, fechando o ciclo da vida.


Manhã de carnaval(Luís Bonfá e Antônio Maria)

Manhã, tão bonita manhã
Na vida, uma nova canção
Cantando só teus olhos
Teu riso, tuas mãos
Pois há de haver um dia
Em que virás
Das cordas do meu violão
Que só teu amor procurou
Vem uma voz
Falar dos beijos perdidos
Nos lábios teus

Canta o meu coração
Alegria voltou
Tão feliz a manhã
Deste amor

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