terça-feira, 30 de março de 2010

Velha Guarda do Blues - Robert Jonhson

Robert Leroy Johnson (8 de Maio, 1911 – 16 de Agosto, 1938) cantor e guitarrista Norte-americano de Blues. Johnson é um dos músicos mais influentes do Mississippi Delta Blues e é uma importante referência para a padronização do consagrado formato de 12 compassos para o Blues. Influenciou grandes artistas durante anos como Muddy Waters, Led Zeppelin, Bob Dylan, The Rolling Stones, Johnny Winter, Jeff Beck, e Eric Clapton, que considerava Johnson "o mais importante cantor de blues que já viveu". Por suas inovações, músicas e habilidade com a guitarra ficou em quinto lugar no ranking dos 100 melhores guitarristas de todos os tempos da revista Rolling Stone.

Johnson nasceu em Hazlehurst, Mississippi. Sua data de nascimento oficialmente aceita (1911) provavelmente está errada. Registros existentes (documentos escolares, certidões de casamento e certidão de óbito) sugerem diferentes datas entre 1909 e 1912, embora nenhum contenha a data de 1911.

Robert Johnson gravou apenas 29 músicas em um total de 41 faixas, em duas sessões de gravação em San Antonio, Texas, em Novembro de 1936 e em Dallas, Texas, em Junho de 1937. Treze músicas foram gravadas duas vezes. Suas músicas continuam sendo interpretadas e adaptadas por diversos artistas, como Eric Clapton, The Rolling Stones, The Blues Brothers, Red Hot Chili Peppers e The White Stripes.

Em 1938 durante uma apresentação no bar "Tree Forks" Johnson bebeu whisky envenenado com estricnina, supostamente preparado pelo dono do bar, o qual estava enciumado por Jonhson ter flertado com sua mulher. Sonny Boy Williamson que estava tocando junto com Jonhson, o havia alertado sobre o whisky, porém este não lhe deu atenção. Johnson se recuperou do envenenamento, mas contraiu pneumonia e morreu 3 dias depois, em 16 de Agosto de 1938, em Greenwood, Mississippi. Há várias versões populares para sua morte: que haveria morrido envenenado pelo whisky, que haveria morrido de sífilis e que havia sido assassinado com arma de fogo. Seu certificado de óbito cita apenas "No Doctor" (Sem Médico) como causa da morte.

Outro mito popular recorrente sugere que Johnson vendeu sua alma ao diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississippi em troca da proeza para tocar guitarra. Este mito foi difundido principalmente por Son House, e ganhou força devido às letras de algumas de suas músicas, como "Crossroads Blues", "Me And The Devil Blues" e "Hellhound On My Trail". O mito também é descrito no filme de 1986 Crossroads e no episódio 8, da segunda temporada da série Supernatural.

Influência

Johnson é freqüentemente citado como "o maior cantor de blues de todos os tempos", ou mesmo como o mais importante músico do Século XX, mas muitos ouvintes se desapontam ao conhecer o seu trabalho, pois o estilo peculiar do Delta Blues e o padrão técnico das gravações de sua época estão muito distantes dos padrões estéticos e técnicos atuais.

Embora Johnson certamente não tenha inventado o blues, que já vinha sendo gravado 15 anos antes de suas gravações, seu trabalho modificou o estilo de execução, empregando mais técnica, riffs mais elaborados e maior ênfase no uso das cordas graves para criar um ritmo regular. Suas principais influências foram Son House, Leroy Carr, Kokomo Arnold e Peetie Wheatstraw. Johnson tocou com o jovem Howlin' Wolf e Sonny Boy Williamson (que afirma ter estado presente no dia do envenenamento de Johnson e ter alertado Johnson sobre a garrafa de whisky). Johnson influenciou Elmore James e Muddy Waters, e o blues elétrico de Chicago na década de 1950 foi criado em torno do estilo de Johnson. Há uma linha direta de influência entre a obra de Johnson e o Rock and roll que se tornaria popular no pós-guerra.

Em 1999 o grupo The White Stripes lançou no seu álbum de estréia homônimo uma canção de Johnson; Stop Breaking Down.





Nos videos acima, Eric Clapton interpreta "Crossroads" e os Stones "Love in Vain" de Robert Jonhson.

O melhor dos poemas sobre o Amor

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.

Paulo de Tarso I Coríntios - Capítulo 13.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Florbela Espanca

Cantigas leva-as o vento...

A lembrança dos teus beijos

Inda na minh´alma existe,

Como um perfume perdido,

Nas folhas de um livro triste.



Perfume tão esquisito

E de tal suavidade,

E mesmo desaparecido

Revive numa saudade!



Florbela Espanca

01/01/1916

Pra ver futebol, tem que ver a novela global antes...

Leiam o que escreveu o cordelista H. Cesar Pinheiro.

Poderosa e também bastante rica,
A família Marinho, do Brasil,
Fez, que no hino se diz varonil,
Um país onde a lei dela se aplica.
Nossa hora pra dormir especifica
Pois assim é que ficou estipulado
Tudo na TV já foi programado
Nem que haja um grande quiproquó
Jogo de Futebol começa só
Se a novela tiver já terminado.

Não importa se findo na madrugada
Se não há segurança nem transporte
Para quem vai à praça de esporte
A pé volta pra casa, na calada
E bem cedo vai para outra jornada
Sem dormir e bastante enfadado
Pois do jogo chegou tarde, cansado.
Torcedor que vai lá pro cafundó.
Jogo de Futebol começa só
Se a novela tiver já terminado.

Com poder e bastante persuasão
O horário muda a seu bel prazer
Antes quando não havia a TV
Próprio povo fazia programação
Futebol vivia sem televisão.
Bem melhor, mais bonito, bem jogado,
Rivelino, Pelé muito endiabrado.
Hoje com perna de pau que dá dó
Jogo de Futebol começa só
Se a novela tiver já terminado.

Desrespeito com o povo é geral.
Não só com quem vai ver o futebol
Povo devia era tem semancol
Boicotar todo o programa global
Do tal Big Brother à Zorra Total
Que o Ibope deles fique zerado
E o povo passe a ser respeitado
Boicotar sem ter pena e nem dó
Jogo de Futebol começa só
Se a novela tiver já terminado.

Até nos jogos fora do Brasil
As novelas da Globo marcam a hora
Determinam o horário que vigora
País da Rede virou um covil
Isso no mundo nunca ninguém viu.
Mas se um projeto for aprovado
Pela Câmara e pelo Senado
Sancionado por nosso faraó
Jogo de Futebol será melhor
Se à Globo não for mais atrelado.

A São Paulo dou os meus parabéns
Por aprovar lei com destemor
Os edis foram do povo a favor.
Depois do jogo usa os trens
Pode voltar pra casa bem.
À meia noite o jogo foi acabado
E o projeto há de ser sancionado
Se o horário vier a ser um só
Jogo de Futebol será melhor
Se à Globo não for mais atrelado.


HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, MARÇO/2010.

sábado, 6 de março de 2010

Cearense cidadão do mundo - Jacques Klein

De Aracati-Ce para o mundo.

Veja abaixo matéria publicada no Jornal O Globo em 11/10/2009:

Morto precocemente em 1982, pianista cearense Jacques Klein é lembrado em concurso

Imagine um excelente pianista, do tipo que é referência mundial, tocando com as maiores orquestras do planeta. Dê a ele bom humor, gênio impulsivo e, de quebra, um talento especial para se comunicar com plateias das mais esnobes às mais simplórias. Hoje pode ser difícil imaginar, mas o produto dessa mistura existiu, sim, veio de Aracati, no Ceará, e se chamava Jacques Klein.

Consumido por um câncer quando ainda estava no auge da carreira, aos 52 anos, Klein era um tipo raro de músico clássico. Era popular. Amava interpretar Beethoven, Mozart e Chopin. Mas também compôs com Dorival Caymmi, teve um grupo de jazz e aparecia com tanta naturalidade na TV que chegava a dar autógrafo na rua.

Morreu em 1982, mas parece que foi há séculos. Deixou quase nada gravado, e, saindo do circuito da música clássica, seu nome é pouco conhecido entre os mais jovens. Daí que ele foi escolhido para ser o homenageado do primeiro Concurso Internacional BNDES de Piano, que acontece esta semana, na Sala Cecília Meireles, reunindo 20 jovens pianistas brasileiros e estrangeiros, pré-selecionados entre 34 inscritos. Há mais de 50 anos não havia concurso dessas proporções por aqui.

Um pouco mais sobre Jacques Klein:

Texto de Luis Reis (revisado por Alberto de Oliveira).

Nasceu em Aracati - Ce, no dia 10 de julho de 1930, filho de Alberto Jacques Klein, comerciante, e Gasparina Campello Klein.

Faleceu em 23 de outubro de 1982, aos 52 anos, vítima de câncer, no Rio de Janeiro.

Sua vocação musical se manifestou muito cedo.

Era um garoto dotado de um esplêndido "ouvido musical", destacando-se nas aulas de música e mostrando um apurado gosto nessa área.

Até os 18 anos, Jacques dedicou-se ao estudo do jazz, tendo inclusive feito algumas gravações desse estilo musical em disco de 78 rpm.

No ano de 1949, foi para os Estados unidos com a firme intenção de estudar música clássica. O seu primeiro contato profissional aconteceu com o legendário músico norte americano Art Tatum, que, impressionado ao vê-lo tocar jazz em Nova Yorque, fez-lhe o convite para tocar como profissional em sua banda. Jacques manteve-se firme na sua decisão de estudar clássico e não aceitou o convite do músico famoso. Antes, ainda no Brasil, chegou a prestar exame vestibular para Direito, na PUC, obtendo o 5° lugar, mas optou por seguir os caminhos da música, atraído pelos maviosos acordes do piano. Durante um certo tempo, alimentou a idéia de se dedicar à diplomacia, carreira que encantava a família, mas seus rápidos progressos no estudo musical o fizeram desistir dessa idéia. Seu grande momento internacional aconteceu em 1953, em Genebra, na Suiça, quando conquistou, com méritos, o 1° lugar no Concurso Internacional para Pianistas. Na época, era esse o mais importante concurso em todo o mundo e, depois de muitos anos, um pianista veio a conquistar o primeiro luar na competição. Nos anos anteriores, não havia sido conferido o primeiro lugar a nenhum concorrente. O melhor ficava com a 2a colocação, de acordo com o julgamento dos juízes do concurso. A partir dessa conquista, sua carreira na Europa tomou rumos de grande sucesso. Era um pianista admirado em todo o velho Continente e, em Viena, na Áustria, terra de grandes músicos, Jacques Klein chegou a ser comparado a Horowitz e Rubinstein, na época, os grandes nomes da música clássica. Suas apresentações eram concorridíssimas, grande público se aglomerava à porta das casas onde se apresentava na Europa e rendia homenagens ao músico aracatiense e inúmeras foram as condecorações a ele conferidas. O Governo inglês, por exemplo, outorgou-lhe a medalha Harriet Cohen, uma das maiores comendas daquele país. Quando de sua estréia nos Estados unidos, em 1959, a crítica o considerou como um dos maiores pianistas "não só de sua geração, mas também da geração que o precedeu. Na ocasião, Jacques Klein foi considerado superior a Emil Gilels e Van Cliburn, este último um ídolo americano porque vencera o concurso de Moscou. Jacques Klein foi solista das mais importantes orquestras mundiais e realizou importantes ciclos de concertos, como o das 32 sonatas para piano de Beethoven. Durante alguns anos, participou da direção da Orquestra Sinfônica Brasileira e ocupou o cargo de Diretor da Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, onde realizou uma administração exemplar. Foi também excelente músico de câmara, tendo tocado inúmeras vezes no Brasil e na Europa com o grande violonista italiano Salvatore Accardo. Jacques Klein destacou-se ainda como professor, dando enorme contribuição para a formação de famosos pianistas, como Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Luiz Fernando Benedini, José Henrique, Edson Elias, Sônia Goulart e João Carlos Assis Brasil, entre tantos outros. Em seus últimos anos de vida, incansável e sempre otimista, alternava períodos de internação hospitalar com sérios concertos e recitais. Um mês antes de sua morte, ainda reuniu forças para ser solista, no Rio de Janeiro, da Orquestra de Câmara de Moscou. O maior nome da expressão musical pianística clássica brasileira na Europa.