terça-feira, 6 de outubro de 2009

Um pouco sobre Mario Quintana...





Mario de Miranda Quintana nasceu prematuramente na noite de 30 de julho de 1906, na cidade de Alegrete, situada na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Seus pais, o farmacêutico Celso de Oliveira Quintana e Virgínia de Miranda Quintana, ensinaram ao poeta aquilo que seria uma de suas maiores formas de expressão - a escrita. Coincidentemente, isso ocorreu pelas páginas do jornal Correio do Povo, onde, no futuro, trabalharia por muitos anos de sua vida.




O poeta também inicia na infância o aprendizado da língua francesa, idioma muito usado em sua casa. Em 1915 ainda estuda em Alegrete e conclui o curso primário, na escola do português Antônio Cabral Beirão. Aos 13 anos, em 1919, vai estudar em regime de internato no Colégio Militar de Porto Alegre. É quando começa a traçar suas primeiras linhas e publica seus primeiros trabalhos na revista Hyloea, da Sociedade Cívica e Literária dos Alunos do Colégio Militar.



Cinco anos depois sai da escola e vai trabalhar como caixeiro (atendente) na Livraria do Globo, contrariando seu pai, que queria o filho doutor. Mas Mario permanece por lá nos três meses seguintes. Aos 17 anos publica um soneto em jornal de Alegrete, com o pseudônimo JB. O poema era tão bom que seu Celso queria contar que era pai do poeta. Mas quem era JB? Mario, então, não perde a chance de lembrar ao pai que ele não gostava de poesia e se diverte com isso.



Em 1925 retorna a Alegrete e passa a trabalhar na farmácia de propriedade de seu pai. Nos dois anos seguintes a tristeza marca a vida do jovem Mario: a perda dos pais. Primeiro sua mãe, em 1926, e no ano seguinte, seu pai. Mas a alegria também não estava ausente e se mostra na premiação do concurso de contos do jornal Diário de Notícias de Porto Alegre com A Sétima Passagem e na publicação de um de seus poemas na revista carioca Para Todos, de Alvaro Moreyra.



Corre o ano de 1929 e Mario já está com 23 anos quando vai para a redação do jornal O Estado do Rio Grande traduzir telegramas e redigir uma seção chamada O Jornal dos Jornais. O veículo era comandado por Raul Pilla, mais tarde considerado por Quintana como seu melhor patrão.



A Revista do Globo e o Correio do Povo publicam seus versos em 1930, ano em que eclode o movimento liderado por Getúlio Vargas e O Estado do Rio Grande é fechado. Quintana parte para o Rio de Janeiro e torna-se voluntário do 7º Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Seis meses depois retorna à capital gaúcha e reinicia seu trabalho na redação de O Estado do Rio Grande.



Em 1934 a Editora Globo lança a primeira tradução de Mario. Trata-se de uma obra de Giovanni Papini, intitulada Palavras e Sangue. A partir daí, segue-se uma série de obras francesas traduzidas para a Editora Globo. O poeta é responsável pelas primeiras traduções no Brasil de obras de autores do quilate de Voltaire, Virginia Woolf, Charles Morgan, Marcel Proust, entre outros.



Dois anos depois ele decide deixar a Editora Globo e transferir-se para a Livraria do Globo, onde vai trabalhar com Erico Verissimo, que lembra de Quintana justamente pela fluência na língua francesa. É por esta época que seus textos publicados na revista Ibirapuitan chegam ao conhecimento de Monteiro Lobato, que pede ao poeta gaúcho uma nova obra. Quintana escreve, então, Espelho Mágico, que só é publicado em 1951, com prefácio de Lobato.



Na década de 40, Quintana é alvo de elogios dos maiores intelectuais da época e recebe uma indicação para a Academia Brasileira de Letras, que nunca se concretizou. Sobre isso ele compõe, com seu afamado bom humor, o conhecido Poeminha do Contra.



Como colaborador permanente do Correio do Povo, Mario Quintana publica semanalmente Do Caderno H, que, conforme ele mesmo, se chamava assim, porque era feito na última hora, na hora “H”. A publicação dura, com breves interrupções, até 1984. É desta época também o lançamento de A Rua dos Cataventos, que passa a ser utilizado como livro escolar.



Em agosto de 1966 o poeta é homenageado na Academia Brasileira de Letras pelos ilustres Manuel Bandeira e Augusto Meyer. Neste mesmo ano sua obra Antologia Poética recebe o Prêmio Fernando Chinaglia de melhor livro do ano. No ano seguinte, vem o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre. Esta homenagem, concedida em 1967, e uma placa de bronze eternizada na praça principal de sua terra natal, Alegrete, no ano seguinte, sempre eram citadas por Mario como motivo de orgulho. Nove anos depois, recebe a maior condecoração que o Governo do Rio Grande do Sul concede a pessoas que se destacam: a medalha Negrinho do Pastoreio.



A década de 80 traz diversas honrarias ao poeta. Primeiro veio o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. Mais tarde, em 1981, a reverência veio pela Câmara de Indústria, Comércio, Agropecuária e Serviços de Passo Fundo, durante a Jornada de Literatura Sul-rio-grandense, de Passo Fundo.



Em 1982, outra importante homenagem distingue o poeta. É o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Oito anos depois, outras duas universidades, a Unicamp, de Campinas (SP), e a Universidade Federal do Rio de Janeiro concedem o mesmo tipo de honraria a Mario Quintana. Mas talvez a mais importante tenha vindo em 1983, quando o Hotel Majestic, onde o poeta morou de 1968 a 1980, passa a chamar-se Casa de Cultura Mario Quintana. A proposta do então deputado Ruy Carlos Ostermann obteve a aprovação unânime da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.



Ao comemorar os 80 anos de Mario Quintana, em 1986, a Editora Globo lança a coletânea 80 Anos de Poesia. Três anos depois, ele é eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros, pela Academia Nilopolitana de Letras, Centro de Memórias e Dados de Nilópolis e pelo jornal carioca A Voz. Em 1992, A Rua dos Cataventos tem uma edição comemorativa aos 50 anos de sua primeira publicação, patrocinada pela Ufrgs. E, mesmo com toda a proverbial timidez, as homenagens ao poeta não cessam até e depois de sua morte, aos 88 anos, em 5 de maio de 1994.

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