quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desafio no Cordel

Aceitando o desafio

De José de Sousa Dantas,

Esse fabuloso poeta

Com seu cordel que encanta,

E a semente do Nordeste

Neste mundo ele planta.



Vou fazer algumas rimas

Usando palavras raras.

Espero que Dantas goste

Não vá rir da minha cara,

Pois me falta gabarito

Para entrar nesta seara.



Vamos procurar palavras

Que possam rimar com lobo.

Num tempo globalizado

Vem à mente a Rede Globo.

Com a sua programação

Fazendo o povo de bobo.



Num país de analfabetos

Futuro não se vislumbra.

Pois a máquina da mídia

Deixa o povo na penumbra,

Que com a bolsa salário

Se encanta e se deslumbra.



Povo que vive em favela

Curtindo o seu mocambo.

Que às vezes pra comer

Apela pro velho escambo.

Catando lixo nas ruas

Vestindo-se de molambo.



Empurrando sua carroça

Ouvindo um rádio portátil.

Se mostrando bem feliz

Pois o povo é versátil,

E mesmo na sua pobreza

O sonho é coisa volátil.



Embora muita gente aja

De maneira bem covarde.

É o caso dos políticos

Que não querem muito alarde.

Sempre tudo vem à tona

Mesmo que já seja tarde.



A todo dia no Brasil

Vem à tona um alvitre,

Que funciona pra imprensa

Como se fosse salitre.

E a prisão de políticos

Nunca há ninguém que arbitre



Pois para os poderosos,

Justiça vive a menopausa.

Não importa ter razão

Eles sempre ganham causa.

Ou os processos se arrastam

Dando-lhes uma boa pausa.



Não há para o país

Esperança, simples réstia.

Pois quem aplica as leis,

E usa uma bonita véstia,

Se acha o dono do mundo

E não tem qualquer modéstia.



Com bom dinheiro no bolso

Não sabe o quê é uma xepa.

Come lagosta, salmão

Bem preparado na cepa.

Se alguém mexe na sua grana

Se descontrola e grita: epa.



No meu dinheiro não mexe.

Briga, dá murro, tabefe.

Manda até mesmo matar

Desossa feito magarefe.

E o crime fica impune,

Pois o sujeito é o chefe.

Com seu poder de fogo

Igual a um pirilampo

Grilam terras, tomam casas

Na cidade, até no campo.

Contra os inimigos usam

O famigerado grampo.



HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, JULHO/2010.

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